quinta-feira, 20 de março de 2014

Mogi das Cruzes a Ubatuba off-road (15 e 16/03/2014)

   Fala pessoal! Obrigado por estarem antenados no blog. Tenho recebido muitos elogios quanto a qualidade das postagens, relatos e fotos e percebo que isso tem contribuído para fazer outras pessoas pedalarem também, como já vieram comentar comigo por isso não vou deixar de postar mesmo que os acessos não sejam muitos.
    Neste final de semana resolvi que iria para Ubatuba saindo de Mogi das Cruzes. Eu estava querendo fazer esse trajeto há algum tempo. Já fui a Ubatuba duas vezes pelas rodovias convencionais e também já voltei de Ubatuba até Taubaté como consta nas postagem mais antigas, se você ainda não viu não deixe de olhar, vale muito a pena.

Essa viagem provavelmente ocorreria em algum momento da minha vida no cicloturismo mas ela ficou mais propicia devido eu ter uma passagem de onibus de Ubatuba pra SP que adquiri e não utilizei quando voltei de Ubatuba da última vez, portanto eu decidi que tinha chegado o momento de usá-la indo para lá, mas de um jeito diferente: ESTRADAS DE TERRA! 90% do pedal foi realizado off-road, e você verá abaixo quais foram esses trajetos.

Só para vocês se situarem eu sai de MOGI DAS CRUZES e fui seguindo nas cidades GUARAREMA>SANTA BRANCA>PARAIBUNA>REDENÇÃO DA SERRA>NATIVIDADE DA SERRA>UBATUBA.


 No dia anterior, sexta feira, eu fui a Mogi e passei a noite na casa da minha avó e já tinha plano de sair cedinho no sábado para está viagem. Sai por volta de 7h. Alguns km de lá até a descida da Serra de Guararema. A rota que criei era quase toda por terra, mas como eu já conhecia o trecho de terra entre Mogi e Guararema preferi ir pelo asfalto e ganhar tempo para fazer os trechos de terra mais tranquilamente.


 O amanhecer na estrada Mogi-Guararema

 O trecho percorrido pelo asfalto do local de saída até a cidade foi de 20km feitos em aproximadamente uma hora pela Rod. Mogi - Guararema. Abasteci de comida e parti

 Saindo da cidade de Guararema já seria tudo desconhecido pra mim, a partir deste ponto era necessário usar o GPS, fui seguindo e achei a estrada que deveria percorrer até uma outra estrada que me levaria a Santa Branca

e então cheguei a onde queria: estrada de terra




       Olhei para trás e fotografei esse vilarejo do final da estrada de asfalto

Várias subidas até aqui, mas quando cheguei neste ponto me deparei com uma estrada que eu já conhecia, era a volta do Desafio Rural que realizei na semana anterior a está viagem, o legal de andar na terra é que você começa a aprender as bifurcações e onde elas saem, neste caso eu tinha saído a direita da foto e o Desafio Rural era a esquerda cuja seta de direção ainda está lá. Chamada Rota Paraíba



Aqui era uma estrada próxima a Cachoeira do Putim em Guararema, a qual já mencionei no blog, parei para tomar um lanche e hidratar, o sol estava muito forte


Essa estrada até Santa Branca era muito rica em gado e pastos tanto que resolvi fotografar. Ao passar de bicicleta eles se assustam e você vai ver o que aconteceu mais adiante num lugar parecido


Muitas eram as pontes que passavam por riachos


Quando então comecei a chegar perto da civilização, era a cidade de Santa Branca



O fusquinha agora pra mim é considerado o veículo oficial off-road pois são muitos deles andando nessas estradas rurais, eu fotografei todos os que consegui, mas muitos passaram por mim

Essa foto foi em homenagem ao meu amigo Fausto que sempre faz questão de lembrar da pousada requinte que nos hospedamos uma vez em Piracaia na nossa ida a Extrema-MG, inclusive foi minha primeira experiência em viagem por terra e peguei gosto pelo negócio (não é pousada mas é uma chácara REQUINTE só para lembrar rsrs)



Fuscas e mais Fuscas, daí minha conclusão que ele é muito utilizado em estradas rurais. e logo cheguei no centro da cidadezinha interiorana





Uma vista de uma parte da Matriz e de alguns comércios da cidade


Neste comércio tomei uma Coca que por sinal era bem barata, R$ 2,50 e gelada. Aproveitei para dar uma carga no celular e completar a bateria já que eu precisaria dele para o GPS constantemente. A saída da cidade era um subidão terrível e de paralelepípedo, me recusei a pedalar e fui empurrando e logo cheguei a estrada de terra novamente.







E foi assim o decorrer do trajeto, o sol esquentando cada vez mais e chegando perto de Paraibuna começaram a aparecer muitas subidas mas também muitas descidas recompensadoras, já eram 14h e eu precisava almoçar. Fui firme até chegar na cidade.
                   






E lá estou eu chegando na cidade


Almocei no primeiro restaurante que encontrei, entrei e perguntei o preço do Prato Feito e o rapaz respondeu: 8 reais. Não pensei duas vezes e pedi para preparar filé de frango. Tomei uma coca de 1 litro sozinho e o total deu 12 reais o almoço, ainda ganhei um ovo frito. Nunca encontrei almoço tão barato como em Paraibuna. As 15h já tinha dado mais uma carga no celular, terminado e descansado do almoço. Fui ao mercadinho reabastecer as garrafas e mochila de hidratação. Parti sentido Redenção da Serra

A represa de Paraibuna é gigantesca e tem essa barragem para liberar a aguá quando a represa está muito cheia, um lugar amedrontador, me senti um nada em meio a uma barragem gigantesca. Esse lugar não aparenta mas é muito alto, é interessante também o corte na pedra que fizeram para a criação deste.

Olhando para o lado direito via que escorria água dessa barragem, assustador, fiquei pensando o que aconteceria no caso dessa barragem estourar, nem da pra medir os estragos.




Aqui começou uma subideira, fui girando na boa e logo estava lá no topo. Foi engraçado quando um carro parou e o cara falou: "está tendo comando ai na frente?" eu respondi que não. Ele completou: "é que um carro passou e deu farol, minha carta está vencida". É amigos, este é o Brasil.

Hora da descida!


e aí começa a alegria!

                                                     Meu destino: Redenção da Serra


Fui seguindo meu caminho


E cheguei no trecho mais bacana de se pedalar que é beirando a represa, mas cadê a represa? É amigos, a seca está castigando, muitos braços da represa como esse estão totalmente secos, as vezes tendo somente um riacho.

Olha como está baixa, onde tem grama um dia já teve água



Reparem que o sol está quase se pondo, é por volta de 17h30 e o sol só até as 18h, não queria pedalar de noite, então acelerei o ritmo pra chegar na cidade ainda de dia

Casas flutuantes na beira da represa, achei bem legal isso



Um retrato pra registrar, afinal a vida passa e sempre será bom recordar!


E enfim eu avistei a Rodovia Otacilio F. da Silva que começa na Rod. Oswaldo Cruz antes de São Luiz do Paraitinga e termina em Natividade da Serra passando por Redenção da Serra.



Essa é a cidade velha de Redenção da Serra. Comecei a pesquisar sobre a represa e conversando com o Rafael Dias ele disse que com a criação da barragem que passei e comentei acima, a água subiu muito em Redenção e alagou a cidade fazendo com que ela tivesse de mudar de lugar.

Antiga Igreja, a água chegava neste ponto


Essa bicicleta já conhece tantas cidades que já perdi a conta!



Subi este escadão para cortar caminho, um fato engraçado foi que parei pra fazer um "xixi" e as crianças que estavam brincando na cidade velha viram e começaram a gritar: Mijão! Mijão! rsr
E enfim cheguei na cidade ainda de dia com o sol quase se pondo

Eu sempre tive a curiosidade de saber como era o fundo de uma represa e aqui ele realmente apareceu, alguns pescadores, e isso um dia já foi cheio

Chega a ser lamentável



Entrada da cidade e trevo da cidade de Redenção da Serra


 Fiquei na Pousada Paraíso, também conhecida como pousada da Dona Zezé. Eu só queria tomar um banho e dormir, 40 reais a noite.

Dormi relativamente cedo, estava bem cansado, foram 110 km no primeiro dia. Acordei por volta das 5h30 e sai as 6h20, comi umas bisnaguinhas que tinha levado, esse horário dificilmente encontraria algo aberto em Redenção pra tomar Café. Então parti pra Natividade para tomar café lá. 20 km de distância em asfalto (inevitável)









O lugar é belíssimo, especialmente ao amanhecer, rica em vegetação, ar puro, os pássaros cantando

E diversas subidas também, as vezes bem longas

Portal da cidade - Natividade da Serra


Aqui foi a primeira padaria que encontrei, tomei um belo café, conversei com os donos e também com um guarda florestal que estava contando que prendeu um sujeito caçando numa área protegida. Me abasteci de muitos pães de banha como dizem, acho que eram na média de 10 pois não sabia se encontraria algo pela frente então deveria estar guarnecido de alimento.



Olhei o GPS para ver a direção que deveria ir, era hora de atravessar a balsa. Encontrei um senhor com uma carriola e pedi uma informação, ele me explicou quase todo o caminho até o Ubatuba rs, o pessoal do interior são realmente muito receptivos, educados e dispostos a ajudar.




Cheguei na Balsa as 8h35, o barqueiro disse que só partiria as 9h mas disse que poderia embarcar e ficar sentando nos bancos da balsa. Tirei algumas fotografias e fiquei aguardando a partida. Partindo do cais eu desceria na segunda parada sentido Bairro Alto, nome muito sugestivo por sinal.


Aqui era logo depois da balsa, senti um cheiro forte e ouvi alguem assoviando no meio desses eucaliptos. A foto não está boa mas se repararem tem sacos pretos nas bases e está descascada. Ele estava coletando o liquido que escorria, não sei do que se trata.


"A dignidade da subida", como diz o Rafael Dias, alguma recompensa tem numa grande subida. Fui beirando a represa novamente, não tem erro, o caminho se torna mais longo pois dá muitas voltas mas o visual compensa


Andar por lugares desconhecidos é sempre um desafio pois você não sabe o que vai encontrar ou que não vai encontrar. Eu temia não encontrar nada, mas fui vendo diversas casas. Nessa eu parei pra pedir água, a mulher foi super educada e me deu água gelada. Depois também me ofereceu suco e claro que eu não recusei. Perguntei se encontraria mais casa pra frente e ela informou que em quase todo o trajeto teria, até bar.








Como eu tinha dito antes, o gado tem medo de ciclistas, eles correm pensando que você vai lhe fazer mal. Mas esse boi aqui foi longe demais. Eu passei e ele começou a correr feito louco e não parava, eu fui seguindo. Como percebi que ele não pararia eu parei e deixei ele continuar. Continuei seguindo, ao me avistar o boi doido sai correndo novamente até uma distância longe de onde estava até que ele foi em direção a cerca de um outro pasto e pensei: o boi está louco, vai se jogar contra a cerca e se rasgar inteiro. O bicho deu um salto e suas patas enroscaram no primeiro arame farpado arrebentando-o como se fosse uma linha de pipa. E ficou lá nesse novo pasto. Fiquei perplexo.

Cheguei nesse vilarejo que não sei o nome, antes daqui parei em um bar e tomei uma coca e os boiadeiros que estavam lá me elogiaram por estar vindo de Mogi das cruzes de bicicleta.


Eu já começava a ver Mata Atlântica e isso me indicava que eu estava cada vez mais perto da serra, a altitude também não era baixa, vejam as araucárias brancas nas árvores 




Até porteira para abrir tinha, será esse um preparo para a minha realização da Estrada Real? Em breve está nos meus planos ir para MG e realizar esse trajeto turístico muito conhecido

Então entrei no Parque Estadual da Serra no Mar, daqui faltavam 11 km até a rodovia Oswaldo Cruz. Fui seguindo rapidamente e logo cheguei na rodovia. Fui subindo beirando o Rio Paraibuna




Logo a frente a Rod. Oswaldo Cruz que liga o município de Taubaté ao litoral (Ubatuba) e uma ponte que passa por cima do rio Paraibuna

A saída, praticamente no topo da serra, só mais poucas subidas e eu já estaria no começo da descida


Não perdi nem tempo no topo da serra, já desci direto, voando baixo, só quem conhece a Oswaldo Cruz vai entender o que estou dizendo!


A vista para o litoral

Quando pelamos na terra ficamos todo sujo e dessa vez não foi diferente, chega a dar agonia e eu não queria voltar pra SP todo sujo, não iria sem legal. Parei em uma bica pra me lavar que quase na tinha água, foi um sacrifício. Quando se desce não dá pra ver por causa da velocidade, mas tem uma cachoeira e eu descobri quando subi essa serra. Eu não sabia a localização exata e pensei: acho que já passei, afinal eu não desci devagar e logo em seguida avisto a entrada que parece ser só um córrego mas no final encontrei um oásis.

Não dá pra ver a cachoeira


 Vou subindo e encontro esse paraíso de águas cristalinas e geladas

Pra fechar com chave de ouro!

Sem comentários!


                               E a minha bike lá, também aproveitei para lavá-la para que ninguém reclamasse da sujeira no embarque do ônibus. Tomei um banho relaxante e revigorante pelas águas geladas para poder voltar pra SP limpo. Foi um belo presente da mãe natureza.
Orla da praia do centro de Ubatuba. Fiquei sentado nessa mureta só olhando o horizonte escurecendo aos poucos já que faltavam 2 horas para o meu embarque


Finalizando com 210 km percorridos, sendo 90% em estradas de terra

Cheguei na cidade, marquei minha passagem para as 19h, comi um belo lanche e depois um Açaí delicioso e barato o que não é muito comum, fiquei relaxando na orla da praia até o momento do embarque. Por volta de 23h30 do domingo, dia 16/06/2014 eu estava chegando em São Paulo no Terminal Rodoviário do Tietê dessa viagem que fechou com chave de ouro onde tudo ocorreu bem. Pra mim, definitivamente, o melhor jeito de viajar é de bicicleta onde você realmente aproveita cada lugar e cada momento.

Tracklog que utilizei pelo GPS (rota criada por mim): http://ridewithgps.com/routes/4064295

Obrigado pela leitura e aguarde novas postagens. Se você gostou ajude a divulgar. Um abraço!

2 comentários:

  1. Beleza de viagem prof! Hehe! Nossa, o interior de SP ainda está ótimo pra viajar, faltou você comentar qual companhia de ônibus você utilizou para o retorno, como foi o embarque e qual foi o custo!

    Abs
    Tony Carlos (www.viajedebike.blogspot.com.br)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Tony, desculpa responder depois de uma década, só ví sua mensagem agora. Você anda meio sumido hein? Oque aconteceu? Então gostou do pedal? Voltei pela Viação Litorânea, embarque ótimo sem nenhuma burocracia, e Litôranea é uma boa empresa para isso, são muito prestativos, recomendo. O preço de volta foi R$ 56. Abraços. Dê notícias!

      Excluir