segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Pequena Cicloviagem de Sorocaba a Peruíbe. Dias 17, 18 e 19/01/2014

Pessoal que tem acessado o blog para ver as cicloviagens, temos mais essa novidade: Sorocaba até Peruíbe


Durante o decorrer das viagens que fiz de bicicleta, geralmente em grupo, comecei a achar muito repetitivo os destinos, acho legal repetir pedais, mas também gosto de buscar novos horizontes e conhecer novos lugares. Neste final de semana meus planos eram ir para Guaratinguetá de ônibus (Cometa ou Pássaro Marrom, empresas que apoiam nosso esporte, já que tive problemas para voltar desta viagem, você vai conferir na continuação do relato), subir com destino a cidade de Cunha - Paraty - Ubatuba (170km). Quando o despertador tocou eu não senti vontade de levantar e voltei a dormir. Quando acordei por volta de 10h da manhã estava com vontade de pedalar, entrei no facebook, troquei algumas mensagens com um colega e ele me sugeriu esse trajeto:  http://goo.gl/maps/ZmyAt

Achei muito interessante e resolvi ir fazer esta pequena viagem. Parti para a rodoviária da Barra Funda (SP) onde embarcaria para Sorocaba. Assim que cheguei na rodoviária de Sorocaba comi um lanche e segui este trajeto, já era aproximandamente 15h, meu plano era dormir na cidade Piedade - SP

Saindo da cidade de Sorocaba

 A cidade de Sorocaba e Votorantim são muito próximas, uma encostada na outra, pedalei muito pouco e lá estou eu em Votorantim. Pensando sobre o que é cicloturismo pensei: "é o simples fato de viajar de bicicleta de uma cidade a outra". Se for de Sorocaba até Votorantim então é muito fácil pois são muito próximas.


Chego a essa estradinha péssima, muito esburacada, acostamento de terra e muitos caminhões, depois que eu fui entender que estava perto de uma pedreira, acredito ser a pedreira de Votorantim


Parei para um Caldo de Cana, quando olhei para trás e vejo a imagem a seguir:


Estamos subindo! Sorocaba e Votorantim ao fundo da imagem.

 Essa estradinha achei um tanto quanto perigosa, achei que seria assim praticamente o trecho todo mas o cenário mudaria. Se você reparar ao fundo da foto há uma cidade, é Sorocaba e Votorantim, elas vão ficando lá embaixo, estamos subindo a serra para começar a descida. Esse primeiro dia foram só subidas.


 Quando é subida geralmente abre uma faixa adicional para os veículos pesados, nós biker's ficamos na mão e os carros tiram fina mesmo, infelizmente. A técnica é passar para o outro lado da via que possui acostamento e seguir na contra-mão até encontrar acostamento na mão correta de circulação.


Furou o pneu, o aro mordeu a câmara, fiz a troca com uma câmara remendada que eu tinha, o remendo não tinha ficado bem fixado e lá vou eu colocar outra. Essa outra tinha ficado presa no quadro e ressecou, o resultado você vê na sequência.

 Quase na cidade de Piedade avisto essa placa e me pergunto: "como assim Paranapiacaba? Vim pra longe e ainda estou na serra de Paranapiacaba?" Confesso que ainda não sei a resposta, mas deve ser um conjunto de serras que levam o mesmo nome.


Cheguei no trevo de Piedade onde tinha essa barragem, foi o lugar onde substiui mais uma câmara de ar



 Ali está Piedade! Esta cidade é onde eu pretendia dormir, circulando pelo centro da cidade encontrei uma bicicletaria e entrei para conversar com o dono. Perguntei se ele remendava câmara e ele disse que já tinha encerrado as atividades. Comprei mais uma câmara para não ter problema e também levei uma cola e um remendo para conserta a câmara que o aro tinha "mordido". Ele lixou na máquina a câmara e depois era só remendar. Eu queria mesmo é saber se tinha hotel na cidade. Ele me indicou um mas me aconselhou continuar na estrada até a cidade de Tapiraí onde encontraria uma pousada, isso já eram 18h30 e eu não coloquei muita fé que chegaria em Tapiraí ainda de dia sendo que faltavam 35km e 1h para anoitecer.


Tirei essa foto numa pacata pracinha de interior na rodoviária da cidade onde me informei sobre hotéis.


 Segui por uma estradinha que sairia da cidade, só para não variar era só subidas e logo eu já avistava Piedade lá embaixo, o mesmo que aconteceu com Sorocaba e Votorantim.

Adoro esse "mar de morros", acho uma paisagem muito bela. 





 OPNI - Objeto pedalante não identificado, olha o azulzinho escondido na grama! risos


 E continuava subindo, repare que a altitude mudou em relação a primeira, essa placa ficava bem na saída da estradinha que me levou do centro de Piedade até a Estrada que me levaria até Tapiraí.



 A estrada continuava muito bela, as paisagens cada vez mais atraentes e sol já quase se pondo


 Nesta placa pensei: "será agora a descida da serra?" Não era ainda mas eu só descobriria no outro dia pois no final dessa subida ai eu encontrei um hotel com ótimo preço para me hospedar para aquela noite e não correr o risco de ter que pedalar a noite, sozinho e numa rodovia desconhecida.

 Tirei esta foto da Janela do hotel onde consegui me hospedar, agora era tomar banho, remendar a câmara que estava furada e descansar para o dia seguinte


 Mais do que sulficiente para um belo descanso!


 Portaria do Hotel ao amanhecer


 Eis que pego minha bicicleta para começar o pedal, depois de um belo café da manhã, detecto que o pneu traseiro está murcho, lá vai eu trocar mais uma câmara. Foi a última a ser trocada, depois nao tive mais problemas.


 Piedade é uma cidade que incentiva nosso esporte, tem muitas placas indicando roteiros diferenciados pelas montanhas da cidade e essa placa que achei uma iniciativa muito bacana.

 Sol Nascendo


 A estrada melhorou e muito, já dava pra pedalar mais tranquilo e todo o trecho tinha acostamento


 Já estava a 1055m e não pára de subir, depois dessa placa ainda peguei várias subidas mas logo elas acabaram


 Olha o visual! A lua e essa vegetação muito bonita, o lugar é como dizia a placa mesmo: "cidade bonita por natureza" 




 Enfim começou a descida da "Serra da Anta" ou "Serras da Cabeça da Anta", me falaram os dois nomes


 Um belo precipício, típico da serra


 A serra na sua extensão, não calculei mas devem ser um total de 30km não muito inclinada e tem descidas e retas intercaladas até chegar ao Vale do Ribeira


 Descendo cada vez mais! A serra em sí não é perigosa, passam poucos veículos parece uma estrada parque, pelo fato de não ser muito inclinada não atinge altas velocidades oque também deixa o pedal relativamente mais seguro. Não é como as outras serras de acesso ao litoral, mas mesmo assim mantive a cautela.


 Cheguei a bica da Cabeça da Anta

Neste lugar conheci o Davi, vulgo Mineiro. Assim que cheguei fui fotografar, cumprimentei ele e perguntei qual era o seu destino, ele me respondeu que estava indo pra Peruibe, avisei que eu estava indo para Ilha Compida, convidei ele para ir junto e ele aceitou, seguimos todo o decorrer da viagem juntos.


Pedalante de primeira viagem, nunca havia feito um longa distância e resolveu enfrentar 209km de uma vez só, trocamos muitas informações e conversamos bastante no decorrer do pedal.


 Continuamos a descida da serra, bem longa essa serra!


 Enfim agora tinha alguém para tirar um foto minha!


O mineiro comentou que a bike estava mudando a vida dele, ele levou um maço de cigarro fechado na bolsa e disse que estava treinando seu psicológico e que o maço chegaria fechado na sua casa novamente e realmente eu não o ví fumando nenhum cigarro.


 Olha que serra bonita! Visuais exuberantes.


 O Mineiro contou que muitos diziam para ele: "você é louco! vai morrer de cansaço por ai e vai voltar logo pra casa, pedalar até peruíbe e impossível" (não é pra quem está determinado como ele estava)".
"Vendi meu Playstation e investi na bike, pedalar ótimo, não vejo nada ruim em pedalar, me sinto bem quando faço isso", dizia ele. A mãe dele morrendo de preocupação em casa por ir nessa aventura sozinho e eu também sozinho sempre causa preocupação, na hora que avisamos que estávamos pedalando dava pra perceber o alivio da minha mãe falando no telefone.


Nesse lugar havia uma bica, era necessário encher as garrafas, o sol estava esquentando. Ele aproveitou pra comer a marmita que levou antes que estragasse, eu aproveitei o tempo e fotografei o local:
 Um belo rio



 e a famosa foto de praxe da bike em frente a uma bela paisagem


 Paramos nessa venda para tomar uma Tubaína e comer algo, era quase a hora do almoço já

A bebida do pedal é Tubaína e Coca Cola.


 Andamos bastante, a velocidade média era 25km/h, quase na cidade de Juquiá encontramos essa bica, o sol estava muito forte, eu enfiei a cabeça embaixo dessa bica várias vezes para "esfriar o radiador", é revigorando depois de pedalar no sol quente.



Esqueceram a toneira ligada (risos)

 Um pouco antes dessa imagem (saída da cidade de Juquiá) eu liguei para minha mãe para avisar sobre o meu paradeiro. Uma mulher em um carro estava prestando a atenção na minha conversa, ela se identificou como guia turística da cidade e me indicou que fosse para Peruíbe na reserva ecológica da Juréia, seria mais vantajoso, a praia mais limpa e belas cachoeiras. Aconteceu então a mudança de planos, eu não iria mais para Ilha Comprida, segui para Peruíbe.

Pedalamos na BR - 116, literalmente "socamos a bota" o velocímetro não dava menos que 30km/h, as vezes 40km/h, as vezes 45km/h. O Sol estava muito mais forte ainda do que antes, via a bermuda toda branca do sal perdido pelo suor. O Mineiro dizia que estava tudo bem e que ainda não estava cansado, eu como já estou acostumado com essa distância não iria ter sérios problemas. Rapidamente passamos a entrada de Ilha Comprida (meu antigo destino) e logo chegamos na Rodovia SP-055, Padre Manoel da Nóbrega.


 SP-055 Padra Manoel da Nóbrega


Eu estava um pouco cansado também, pelo que conheço sobre mim mesmo era o fato de não ter almoçado, eu não iria me sentir cansado como me senti numa quilometragem e altimetria relativamente fácil, mas como diz o ditado: "saco vazio....não pedala!" kkkkkkkkk A falta do Raiban também me prejudicou em relação ao sol.


 Lá vai Pedro de Toledo, o Mineiro ta cansado, bem cansado e nada de chegar Peruíbe


 Parada merecida para descanso numa sombra, nessa parada ensinei a ele a tática de deitar no asfalto e colocar a capeça sobre o capacete para colocar o esqueleto no lugar e esticar os músculos. Ele aprovou a idéia.


 Nada de Peruíbe! Eu também estava cansado e com fome mas ainda conseguia manter a cadência e enfrentar algumas subidas.


 Até que enfim chegamos a tal praia de Peruíbe, o cara deitou , ligou para a mãe e não levantou mais, eu fui tomar um banho de mar, comi dois Hot Dogs e o cara não levantava mais

 Aproveitando o visual da praia

 No próprio lugar que paramos era o local onde iríamos ficar, em frente a uma tenda que teria o show de dois cantores sertanejo. Na hora que chegamos nesse lugar, por pura coincidência a pessoa que estava comandando um grupo lá de dança falou no microfone: tá cansadinho tá? Acho que serviu para nós kkkkk


 Fiquei observando o show, o Mineiro estava dentro da barraca dele dormindo e não saia mais, dormiu muito, a comida da marmita que ele tinha comido fez mal e ele vomitou tudo, muitas vezes, reclamava de dor de cabeça e dor nas pernas, isso porque ele tomou o BCAA que eu ofereci. é um pedal pesado para uma primeira viagem de bike, mas ele concluiu com muita garra e pedalou muito bem a maior parte do trajeto, agora é só adaptação.

Eu estava receoso de deixar nossas bikes ali atrás da barraca, mesmo presas com as travas. No momento que acabou o show o Mineiro saiu de lá de dentro. Três argentinos que estavam viajando pelo Brasil pediram para colocaram sua "Carpa", como diziam, ao lado na nossa, disse que poderia sim e que seria até mais seguro para nós. Depois disso um funcionário da prefeitura me abordou e perguntou se nós éramos Hippies, eu respondi que éramos apenas viajantes e pensei: ele vai dizer que não pode acampar aqui. Muito pelo contrário, ele ofereceu que a gente colocasse a barraca em baixo da tenda onde ocorreu o show e prender nossas bikes embaixo do palco, seria mais seguro para nós e um segurança ficaria rondando o local a noite inteira. Na hora que me deu sono eu não pensei duas vezes, entrei na barraca e dormi, só acordei no outro dia. Desarmamos a barraca e fui tomar café, ele já tinha tomado café muito antes de mim, eu levantei eram por volta de 9h. Após encher a barriga decidimos que era hora de ir embora, dali seguimos para a rodoviária, ele embarcou para a cidade dele, Sorocaba, e eu para São Paulo. Assim terminou mais está aventura.

Com a bike conhecemos lugares, pessoas e admiramos belas paisagens, além manter a saúde em dia pois viajar longas distâncias não é uma tarefa fácil. Estou cada vez mais satisfeito com a viagens que tenho realizado. Viva o Cicloturismo!

"Não posso comprar a felicidade, mas posso comprar uma bicicleta que é quase a mesma coisa" (autor desconhecido)

Trajeto realizado: http://goo.gl/maps/Fn91f

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